quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Dói

Dói
Ana €!¡sa


Ai...que dor!!
Dor que dilacera...dor que divide...
Que maltrata.
Dor que magoa...dor invasiva...
Doída.

Ai...que saudade!!
Saudade que machuca...que reclama.
Saudade de querer.

Um coração partido...dividido.
Querendo ir...querendo voltar
Querendo sair...querendo ficar.
Sem rumo.

Você!!
Não há de saber o que fez a ele.
Nem percebe a dor que causou.

Olho, mais uma vez, e quantas vezes já olhei.
Acaricio, mais uma vez...a última.
Passo as mãos doloridas no lençol branco...
Onde tantas vezes...você esteve.
Nas nossas noites, dias, tardes...de pura paixão.
Deito o olhar no infinito.
Não te quero mais nos lençois...
Lençóis ainda marcados pelo teu suor...
Teu cheiro.
Tiro o lençol...branco...sinto você nele.
Quase desisto.
Coloco nos meus braços...teu cheiro invade meu olfato..
Saio na noite fria...incrivelmente úmida
O vento bate com fúria na minha pele nua.
Um calafrio percorre meu corpo...
Arrepio de dor.
Sinto um abraço...quente.
O vento que estava tão frio me aquece...cobre minha nudez
Sigo em frente...pisando leve...suave...como se flutuasse.
A água do mar...fria aos meus pés.
Jogo o lençol ao vento de encontro ao mar
O mar furioso...engole o tecido e como por encanto...desaparece
Deito o corpo...quente...aquecido pelo vento.
Entristecido, o mar entra suavemente em mim.
Fecho os olhos...a água acolhe minha alma...
Aninha meu cansaço...
Acaricia minha tristeza...
Mistura-se às minhas lágrimas.
Cobre meu corpo.
Ao longe...portas e janelas batem barulhentas...
Tiram-me do torpor.
Levanto-me lentamente.
O mar ainda tenta puxar-me de volta.
Sinto o vento me aquecendo, mais uma vez...
Ele me leva de volta...nem sinto os pés na areia.
O chalé não parece o mesmo.
Subo as escadas...a cama vazia...nua também.
Deito o corpo exausto...cansado.
Sinto o vazio.
Acaricio o espaço...a alma.
Sinto um perfume embriagador...sedutor.
Entrego-me.
Não penso em mais nada.
Apenas...adormeço, no teu cheiro.
17-02-2004

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